O ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, oficializou nesta quinta-feira (29) sua saída do PDT, partido pelo qual construiu boa parte de sua trajetória política. O anúncio foi feito em tom sereno, através de uma carta aberta publicada em suas redes sociais, onde afirma que a decisão foi fruto de um “longo período de reflexão”.
Na mensagem, Roberto Cláudio não esconde o peso do momento, classificando a saída como uma “decisão difícil”. Ele revelou que conversou diretamente com os presidentes nacional e estadual da sigla, Carlos Lupi e André Figueiredo, antes de formalizar o desligamento.
Com um tom respeitoso, o ex-gestor agradeceu ao PDT pelos anos de convivência e trajetória conjunta, mas justificou sua saída pelas “graves e complexas circunstâncias locais da política cearense”.
Ainda não há sinalização clara sobre os próximos passos de Roberto Cláudio, mas a movimentação reforça o cenário de reconfiguração no tabuleiro político do Ceará, que segue em ritmo acelerado.

A saída de Roberto Cláudio do PDT não é apenas um ato burocrático de desfiliação partidária. É, sobretudo, o reflexo de um isolamento político que se aprofundou desde a disputa interna que rachou a base pedetista em 2022. Sem espaço no partido que o projetou, o ex-prefeito tenta, agora, redesenhar sua rota com o olhar voltado para o Palácio da Abolição — mas o faz em um momento em que carece de lastro político sólido, apoio partidário consistente e alianças estratégicas de peso.
Roberto Cláudio ainda carrega capital eleitoral, sobretudo na capital, onde deixou marcas administrativas importantes. No entanto, sua movimentação recente se assemelha a um voo solo, e talvez um voo cego, diante da falta de adesão por parte de lideranças fortes da oposição ao governo do PT no Ceará.
Figuras como Capitão Wagner, Tasso Jereissati, e até mesmo setores do União Brasil e do PL têm seguido caminhos próprios — ora mirando a Prefeitura de Fortaleza, ora costurando palanques alternativos para 2026. O ex-prefeito, nesse cenário, ainda não encontrou pouso firme nem nova sigla com musculatura suficiente para sustentar um projeto majoritário competitivo no estado.
Além disso, ao deixar o PDT citando “complexas circunstâncias locais”, Roberto Cláudio escancara um impasse que não se resolve apenas com retórica diplomática. O pano de fundo é político, pessoal e, sobretudo, estratégico. Sem grupo, sem partido e sem alianças públicas, ele arrisca ser um nome viável sem viabilidade.
No xadrez cearense, quem não se posiciona com força, vira peça de manobra. E o tempo político, diferente do cronológico, corre mais rápido do que parece.







